sexta-feira, novembro 25, 2016

Engenharia Brasileira

Fala galera! 

O post de hoje continuará mantendo o padrão que tentamos seguir aqui no blog, de trazer inovações construtivas e tecnológicas para a construção civil, porém gostaria de dar um foco diferente. 

Nos últimos anos estamos vendo na engenharia brasileira muitas noticias, diga-se de passagem, em sua grande maioria ruins! São obras com baixa qualidade, obras que não foram corretamente projetadas, obras superfaturadas e todo quanto é tipo de depreciação para a classe que podemos imaginar. A imprensa adora isso e é o que traz ibope, tenho certeza que alguns colegas colaboraram com isso, mas não é o caso e não vou julgar ninguém pelo trabalho que fez ou deixou de fazer. 

Eu tive a oportunidade de participar de uma obra com grande exposição, tanto na mídia quanto para população do entorno, e em um momento onde o mundo estava de olho devido as olimpíadas. Acompanhei de perto essa "sede" por fracasso que todos tinham e esperavam de nós, pois isso seria a noticia perfeita! Em outro extremo, esta semana em minha time-line vejo pipocando varias fotos e vídeos falando sobre o reparo de uma rua no Japão que foi feito em 1 semana, e em todas elas vinham acompanhadas notas de aprovação, comparações ao Brasil que não seria capaz de fazer igual, comentando a agilidade e o compromisso das equipes japonesas (que concordo, já trabalhei com eles e realmente são muito corretos), enfim somente elogios. 

Onde quero chegar com tudo isso? 
É obvio que comparações sempre vão existir e a maioria das pessoas (muitas vezes sem conhecimento do que falam) acham a grama do vizinho mais verde que a nossa, também a mídia não dará a mesma ênfase em nossas vitórias como daria em nossas derrotas. Um grande exemplo (mais uma vez pego minha obra para ilustrar minhas idéias) é o que ocorreu no inicio deste mês de novembro, segue abaixo noticia vinculada em poucos meios de comunicação, em sua grande maioria específicos de engenharia: 

A inovação tecnológica realizada por engenheiros do Consórcio Linha 4 Sul venceu nesta sexta-feira, 11/11/16, o ITA Tunnelling Awards 2016, o maior prêmio do setor de túneis do mundo. O anúncio dos vencedores ocorreu em Singapura. Foram apresentados dezenas de projetos e, na final, ficaram propostas de cinco países. 


O prêmio é o reconhecimento do trabalho da equipe do consórcio para adaptar o tatuzão híbrido para escavação em rocha e areia. E isso numa área densamente povoada como é a Zona Sul do Rio de Janeiro. A obra foi a única do país a disputar o prêmio em 2016, mostrando que a qualidade da engenharia brasileira tem reconhecimento mundial.


O Tatuzão da Linha 4 do Metrô pesa 2,7 mil toneladas e tem 123 metros de comprimento por 11,5 metros de diâmetro, o equivalente a um prédio de quatro andares. Ele foi fabricado sob medida para o solo carioca e foi o maior já utilizado na América Latina.

Vimos esta noticia difundida verdadeiramente nas grandes mídias? tivemos comparações com as outras nações? ...eu sinceramente não vi! E não esperamos confetes ou felicitações, gostaria sim que estes acontecimento e outros, que certamente existem aqui em nosso pais e não ficamos sabendo, ajudassem a mudar a maneira como a grande massa enxerga nossa engenharia, mostrasse a todos a capacidade de nossos engenheiros. Precisamos melhorar muito ainda e sempre nos superarmos, mas as conquistas da engenharia brasileira também merece ser reconhecida e principalmente respeitada. 

Então galera, vamos começar de dentro! mudem o pensamento em vocês, busquem sempre o melhor, construam nossa reputação e principalmente deixem que enxerguem isso. 


Um abraço. 

DS

domingo, novembro 20, 2016

#ENGTIPS 07 - Elemento de Sombreamento de Fachada


Fala, galera!
Nas áreas de engenharia, construção civil e arquitetura, assim como em tantas outras, é necessário que os profissionais estejam sempre ligados a tudo que surge com relação a novas tecnologias...vocês sabem!

Sempre que for possível buscar melhor rendimento, diminuir custos e prazos, as novas tecnologias são bem-vindas e o nosso objetivo aqui do blog é trazer ideias e opções para se conseguir alcançar isso. Ao monitorar o mercado e as tendências que vão surgindo, o profissional tem mais segurança naquilo que faz, buscando a excelência para sobressair perante a concorrência. A todo momento novos métodos e produtos são lançados e é natural que a construção civil evolua com certa rapidez, por isso precisamos acompanhar de perto essas mudanças.


Bom, seguindo com nosso assunto deste post...
A algumas semanas atrás falamos sobre algumas tendências esperadas para um futuro próximo na construção (clique aqui caso ainda não tenha visto) que foi lançado pelo relatório técnico de estudo de tendências tecnológicas na indústria da construção civil, no segmento de edificações, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), e uma dessas tendências era o Elemento de Sombreamento de Fachada.

Mas então, o que é um Elemento de Sombreamento de Fachada?
São recursos que se relacionam com a eficiência energética das edificações, desde o projeto de concepção da construção, são elementos externos de proteção solar que podem ser horizontais ou verticais, ou combinação dos dois. Estes elementos podem ser fixos ou móveis, onde a proteção solar fixa exige um projeto muito mais criterioso em relação às trajetórias solares para garantir sua eficiência.


Um pouquinho de história...
Os elementos de proteção solar, foram resgatados pela arquitetura moderna nos anos 30 e 40, inicialmente na obra de Le Corbusier que advoga para si a sua invenção. O brise-soleil, como foi denominado, por Le Corbusier desempenhou dois papéis importantes: um como elemento de adaptação ao clima e outro como elemento de composição de fachada. Se ao princípio sua preocupação se refere principalmente aos condicionantes térmicos, ampliou o alcance aos aspectos de iluminação em suas últimas obras. O Brise Soleil foi, desde seus primórdios, um elemento compositivo de qualidade reconhecida mundialmente, teve seu apogeu nas décadas de 40 a 70, caindo depois em desuso. Hoje volta a ser utilizado, entretanto, de forma diferente do que foi passado. Pode-se dizer que atualmente, os componentes de sombreamento são usados muitas vezes como elemento de composição de fachada, sem uma análise adequada de sua influência no ambiente interior e seu desempenho térmico e luminoso.

Abaixo segue um exemplo de como o sombreamento ajuda no controle interno da temperatura de um imóvel:


Considerando a importância da eficiência energética nos edifícios, surge a tendência de elementos de sombreamento de fachada, que reduzem o consumo de energia por equipamentos de climatização, controlam a luminosidade natural e reduzem o consumo de iluminação artificial.

Estive a pouco em Paris e tive a oportunidade de visitar um edifício, o Instituto do Mundo Árabe (1981-1987), que em minha opinião, conta com o mais impressionante sistema de sombreamento que conheço. Projetado pelo arquiteto Jean Nouvel, que recria elementos da arquitetura árabe sob nova ótica e está situado às margens do rio Sena, o edifício segue a curva do rio em sua fachada norte, totalmente espelhada, refletindo a cidade de Paris.


A fachada sul, retangular, é onde estão os elementos que mais caracterizam esse projeto, uma releitura dos Muxarabies (treliçados de madeira que tem como objetivo filtrar a luz, permitir a visão da rua desde o interior do edifício e permitir a privacidade das tarefas internas) levou ao desenho de diafragmas metálicos, como os de uma câmera fotográfica, com aberturas em diversos tamanhos e formas geométricas que se abrem e fecham de acordo com as condições externas de luz. Esses diafragmas são controlados mecanicamente através de células fotossensíveis e o efeito final é de um ambiente interno com um luz filtrada, muito comum na arquitetura islâmica.



Estou colocando este exemplo aqui pois mostra exatamente o que temos que buscar em nossas obras e também o motivo de o sombreamento de fachada aparecer em um estudo de tendências para o futuro. É preciso mesclar o antigo com o novo (elemento de sombreamento + mecanismo fotossensível) e buscar novas maneiras de possibilitarmos a melhor eficiência possível de cada projeto e cada construção, como o conforto térmico que este elemento proporciona e consequentemente o menor consumo de energia. O futuro será feito de obras inteligentes e que tragam algo à mais do que o simples conceito de “abrigo”, resta à todos nós da área estarmos atentos à tudo que aparece e onde podemos utilizá-los.

ps.: Seguem abaixo alguns videos mostrando esta técnica incrível utilizada no IMA, inclusive a fabricação dos muxarabies!



Abraços,

DS.

domingo, novembro 06, 2016

#ENGTIPS 06 - Solar Roadways (Estradas Solares) - O asfalto dá espaço à tecnologia


Fala galera! ...O feito estufa está mais forte e a tendência é que os danos causados ao planeta sejam mais severos e constantes, não é mesmo? As indústrias não querem parar de fabricar os mais diversos produtos e tudo hoje funciona principalmente à base de energia elétrica.

Enquanto isso, as pessoas de todos os países querem continuar usando seus carros para ir até a esquina. E pior, cada pessoa quer ter um carro e ninguém pensa no planeta, pois todo mundo sempre joga a culpa nas empresas e no governo. Todavia, parece que ao menos o governo americano vai tentar amenizar o problema.

Apesar de ser um dos principais países que se recusaram a assinar o Protocolo de Kyoto, os EUA parecem ter mudado um pouco de ideia e agora apresentam um projeto inovador: as estradas solares. Com uma nova tecnologia e uma quantia absurda de dinheiro, o governo americano pretende criar energia limpa e fornecer força para o país sem prejudicar o meio ambiente.

Bem-vindo ao futuro!

Já imaginou se em vez de asfalto as estradas fossem pavimentadas com painéis solares? Scott Brusaw que vive no estado do Idaho pensou nisso e propôs ao governo. A ideia do criador da Solar Roadways é usar painéis fabricados com um material de alta resistência para suportar o peso dos veículos que trafegam o dia todo e ao mesmo tempo aproveitar para captar energia solar e transformá-la em eletricidade.


Tal energia seria utilizada para “alimentar” a estrada, a qual teria toda sua sinalização dependente da energia solar. Sendo assim, não seriam mais necessárias pinturas no chão para indicar os alertas sobre as limitações de trânsito na estrada, como: “Reduza a velocidade”.


Além disso, seria possível exibir mensagens sobre o tráfego na atual rodovia, ou seja, onde há acidentes e outros empecilhos, as mensagens poderiam informar com antecedência algo como “Avenida bloqueada”. E mais, a estrada solar também permitira que todos os semáforos utilizassem energia limpa para controlar o tráfego.

Apesar de parecerem ousadas, todas essas ideias são apenas parte do real projeto que pretende fornecer energia para todo o país. A Solar Roadways quer usar a energia solar captada nas estradas para manter as casas iluminadas e os carros elétricos funcionando.

Mais surpresas para o futuro

Com a possível adoção das estradas solares, a empresa de Scott Brusaw pretende estender o projeto para os estacionamentos, os quais poderão fornecer energia aos estabelecimentos próximos. E aí que está um detalhe que deve levar muitas empresas a terem interesse na nova tecnologia.


Para exemplificar, podemos pensar numa loja que esteja no meio de uma estrada qualquer e não tenha muitos clientes. Caso este estabelecimento forneça energia elétrica gratuita é bem provável que a clientela aumente — isso pensando na ideia hipotética de um futuro repleto de carros elétricos.

E não para por aí, pois os benefícios da energia solar nos estacionamentos poderiam abranger os próprios estabelecimentos, os quais funcionariam independentes de quaisquer usinas ou centros de energia. Sendo assim, muitos locais teriam seus próprios geradores de energia e possuiriam energia constante.


Para completar o projeto, a ideia dos painéis solares em estradas e estacionamentos traria uma novidade interessantíssima para as cidades. Segundo o site oficial da Solar Roadways, a instalação do novo sistema permitira a independência dos postes de energia, o que tornaria o visual das cidades mais bonito e menos poluído.

Além disso, seria possível uma manutenção mais rápida e precisa nos casos de problemas elétricos, visto que os painéis gerariam energia independente para determinados blocos de casas e estabelecimentos.

Como fazer isso?

Instalar as placas solares é a parte fácil do projeto, sendo que o grande empecilho no momento fica por conta do desenvolvimento de um material mais resistente para utilizar nas estradas. Vale salientar que as placas solares usadas em estradas com certeza serão dotadas de um sistema bem desenvolvido que capte toda a energia possível (algo muito melhor do que é utilizado atualmente).


A iluminação nos estradas não seria problema, porque tudo seria baseado na tecnologia dos LEDs e num método eficiente que possibilite a visibilidade das mensagens durante o dia. Os geradores para armazenar e distribuir a energia podem ser algo já existente ou equipamentos novos e mais precisos (ainda não foi dito nada a respeito).

O real problema

Se tudo é tão maravilhoso e se a implementação não é impossível, por que não fazer? A resposta é óbvia: dinheiro! Os painéis solares não são baratos (até mesmo nos EUA custam um valor alto) e a instalação de uma enormidade de painéis solares é inviável num primeiro momento.

Pensando nisso, o governo americano forneceu 100 mil dólares para a Solar Roadways mostrar um protótipo funcional da tecnologia. Caso o resultado impressione os poderosos por trás do dinheiro, é possível que o território americano comece a ganhar as novas estradas e tenha quase 100% de estradas solares em cerca de 5 anos.


Atualmente um metro quadrado de painel solar custa facilmente mais de 2 mil reais, o que significa que um quilômetro (com pista dupla) de estrada sairia por mais de 20 milhões de reais. Claro que estes cálculos são efetuados com base nos painéis disponíveis no mercado, mas com a nova tecnologia pode ser que tudo fique bem mais barato.

Para ter uma ideia, a estrada solar acima citada produziria energia de sobra para sustentar uma cidade com 5 mil habitantes (que consuma aproximadamente 3 milhões de kWh por ano). É importante frisar que as estradas com painéis solares precisarão de poucas reformas, pois durarão até 25 anos.


Esses dados são muito interessantes e devem influenciar os governos de todo o mundo que com certeza podem achar interessante a possibilidade de se livrar das reformas intermináveis em estradas e ainda fornecer uma forma mais eficiente de energia para a população. Eles só não vão gostar mesmo é de desembolsar tanto dinheiro para que tudo aconteça. Confira abaixo dois vídeos (em inglês) que falam sobre o assunto e mostram diversas imagens e opções para o futuro da tecnologia:



Enfim, a proposta está aí, a tecnologia pode virar realidade e apesar dos problemas não custa sonhar. Não é mesmo? Vamos torcer para que dê certo e o mundo possa ficar mais limpo e livre da poluição.


Um abraço.

DS 

terça-feira, novembro 01, 2016

#ENGTIPS 05 - BubbleDeck - Inovação e tecnologia para lajes


Fala galera! ...Hoje lembrei de uma técnica que vi enquanto estava no Rio de Janeiro participando das obras do Metro (Linha 4 Sul), não usamos ela em nossa obra porem nossos colegas lançaram mão desta tecnologia para construir lajes do estacionamento do novo terminal do Aeroporto Internacional do Rio (o Galeão). Me lembro que na época em uma visita achei muito interessante e nunca tinha visto nada igual! Anos depois estou aqui após dar uma pesquisada, passando um pouco desta tecnologia para vocês.


Na década de 80, o dinamarquês Jorgen criou o sistema BubbleDeck, como alternativa à construção de lajes. O sistema é composto por esferas plásticas de polipropileno, que são colocadas uniformemente entre duas telas metálicas, para ocupar a zona de concreto que não tem função estrutural (que sacada!). Assim, pode-se reduzir em até 35% o peso próprio da laje, vindo a proporcionar economia no dimensionamento estrutural em função das cargas menores sobre as fundações, esta metodologia pode ser aplicado a qualquer estrutura que se possa utilizar laje maciça, como apartamentos, hotéis, indústrias, escritórios, entre outros.


Benefícios do sistema BubbleDeck:
  • Liberdade nos projetos – layouts flexíveis que facilmente se adaptam a layouts curvos e irregulares;
  • Redução do peso próprio – 35% menor, permitindo redução nas fundações;
  • Aumento dos inter-eixos das colunas – até 50% a mais do que estruturas tradicionais;
  • Eliminação de vigas – maior rapidez e economia pela eliminação das vigas e, consequentemente, pela ausência do serviço de alvenaria e instalação;
  • Eliminação de paredes de apoio – facilidade de metodologia construtiva;
  • Redução do volume de concreto – 1 kg substitui em média 60 kg de concreto;
  • Ambientalmente adequado – redução de energia e emissão de CO2.

A tecnologia BubbleDeck apresenta vantagens não somente econômicas, mas também do ponto de vista de execução, ou seja, permite maximizar a industrialização e a simplificação do processo.

Sustentabilidade

O método possibilita uma menor logística de transporte de materiais, o que consequentemente minimiza os riscos operacionais e de segurança de trabalho, já que reduz a força humana. Apresenta “Selo Verde” com prêmios internacionais, não só por reduzir as quantidades de materiais empregados em uma mesma área, consequentemente reduzindo a emissão de CO2 na atmosfera, mas também por utilizar plástico reciclável em substituição ao concreto, ainda é uma tecnologia que se enquadra nas referências preconizadas pelo Tratado de Kyoto e pelo COP15.


O sistema BubbleDeck apresenta um modelo construtivo capaz de preencher as necessidades do mercado e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais. Propõe um empreendimento sustentável que tenha em vista quatro requisitos básicos: ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo, culturalmente aceito.

Como não há utilização de formas para o assoalho, o volume de madeira utilizado é substancialmente reduzido. Comparado a outros sistemas convencionais, em cada m2 industrializado teremos:
  • Substituição de 60 kg de concreto por 1 kg de plástico reciclado retirados do meio ambiente;
  • Economia de 0,05 m3 de madeira – ou seja, para 10.000 m2 executados, evita o corte de 166,6 árvores;
  • Reduções de materiais e transportes (emissão de CO2), água, energia e a possibilidade da utilização de plástico reciclado;

Resistência ao fogo – em caso de incêndio as esferas carbonizam sem emitir gases tóxicos. Dependendo da cobertura a resistência ao fogo pode variar de 60 a 180 minutos. (Verificações realizadas de acordo com a ISO 834).

Um abraço

DS