sexta-feira, novembro 25, 2016

Engenharia Brasileira

Fala galera! 

O post de hoje continuará mantendo o padrão que tentamos seguir aqui no blog, de trazer inovações construtivas e tecnológicas para a construção civil, porém gostaria de dar um foco diferente. 

Nos últimos anos estamos vendo na engenharia brasileira muitas noticias, diga-se de passagem, em sua grande maioria ruins! São obras com baixa qualidade, obras que não foram corretamente projetadas, obras superfaturadas e todo quanto é tipo de depreciação para a classe que podemos imaginar. A imprensa adora isso e é o que traz ibope, tenho certeza que alguns colegas colaboraram com isso, mas não é o caso e não vou julgar ninguém pelo trabalho que fez ou deixou de fazer. 

Eu tive a oportunidade de participar de uma obra com grande exposição, tanto na mídia quanto para população do entorno, e em um momento onde o mundo estava de olho devido as olimpíadas. Acompanhei de perto essa "sede" por fracasso que todos tinham e esperavam de nós, pois isso seria a noticia perfeita! Em outro extremo, esta semana em minha time-line vejo pipocando varias fotos e vídeos falando sobre o reparo de uma rua no Japão que foi feito em 1 semana, e em todas elas vinham acompanhadas notas de aprovação, comparações ao Brasil que não seria capaz de fazer igual, comentando a agilidade e o compromisso das equipes japonesas (que concordo, já trabalhei com eles e realmente são muito corretos), enfim somente elogios. 

Onde quero chegar com tudo isso? 
É obvio que comparações sempre vão existir e a maioria das pessoas (muitas vezes sem conhecimento do que falam) acham a grama do vizinho mais verde que a nossa, também a mídia não dará a mesma ênfase em nossas vitórias como daria em nossas derrotas. Um grande exemplo (mais uma vez pego minha obra para ilustrar minhas idéias) é o que ocorreu no inicio deste mês de novembro, segue abaixo noticia vinculada em poucos meios de comunicação, em sua grande maioria específicos de engenharia: 

A inovação tecnológica realizada por engenheiros do Consórcio Linha 4 Sul venceu nesta sexta-feira, 11/11/16, o ITA Tunnelling Awards 2016, o maior prêmio do setor de túneis do mundo. O anúncio dos vencedores ocorreu em Singapura. Foram apresentados dezenas de projetos e, na final, ficaram propostas de cinco países. 


O prêmio é o reconhecimento do trabalho da equipe do consórcio para adaptar o tatuzão híbrido para escavação em rocha e areia. E isso numa área densamente povoada como é a Zona Sul do Rio de Janeiro. A obra foi a única do país a disputar o prêmio em 2016, mostrando que a qualidade da engenharia brasileira tem reconhecimento mundial.


O Tatuzão da Linha 4 do Metrô pesa 2,7 mil toneladas e tem 123 metros de comprimento por 11,5 metros de diâmetro, o equivalente a um prédio de quatro andares. Ele foi fabricado sob medida para o solo carioca e foi o maior já utilizado na América Latina.

Vimos esta noticia difundida verdadeiramente nas grandes mídias? tivemos comparações com as outras nações? ...eu sinceramente não vi! E não esperamos confetes ou felicitações, gostaria sim que estes acontecimento e outros, que certamente existem aqui em nosso pais e não ficamos sabendo, ajudassem a mudar a maneira como a grande massa enxerga nossa engenharia, mostrasse a todos a capacidade de nossos engenheiros. Precisamos melhorar muito ainda e sempre nos superarmos, mas as conquistas da engenharia brasileira também merece ser reconhecida e principalmente respeitada. 

Então galera, vamos começar de dentro! mudem o pensamento em vocês, busquem sempre o melhor, construam nossa reputação e principalmente deixem que enxerguem isso. 


Um abraço. 

DS

domingo, novembro 20, 2016

#ENGTIPS 07 - Elemento de Sombreamento de Fachada


Fala, galera!
Nas áreas de engenharia, construção civil e arquitetura, assim como em tantas outras, é necessário que os profissionais estejam sempre ligados a tudo que surge com relação a novas tecnologias...vocês sabem!

Sempre que for possível buscar melhor rendimento, diminuir custos e prazos, as novas tecnologias são bem-vindas e o nosso objetivo aqui do blog é trazer ideias e opções para se conseguir alcançar isso. Ao monitorar o mercado e as tendências que vão surgindo, o profissional tem mais segurança naquilo que faz, buscando a excelência para sobressair perante a concorrência. A todo momento novos métodos e produtos são lançados e é natural que a construção civil evolua com certa rapidez, por isso precisamos acompanhar de perto essas mudanças.


Bom, seguindo com nosso assunto deste post...
A algumas semanas atrás falamos sobre algumas tendências esperadas para um futuro próximo na construção (clique aqui caso ainda não tenha visto) que foi lançado pelo relatório técnico de estudo de tendências tecnológicas na indústria da construção civil, no segmento de edificações, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), e uma dessas tendências era o Elemento de Sombreamento de Fachada.

Mas então, o que é um Elemento de Sombreamento de Fachada?
São recursos que se relacionam com a eficiência energética das edificações, desde o projeto de concepção da construção, são elementos externos de proteção solar que podem ser horizontais ou verticais, ou combinação dos dois. Estes elementos podem ser fixos ou móveis, onde a proteção solar fixa exige um projeto muito mais criterioso em relação às trajetórias solares para garantir sua eficiência.


Um pouquinho de história...
Os elementos de proteção solar, foram resgatados pela arquitetura moderna nos anos 30 e 40, inicialmente na obra de Le Corbusier que advoga para si a sua invenção. O brise-soleil, como foi denominado, por Le Corbusier desempenhou dois papéis importantes: um como elemento de adaptação ao clima e outro como elemento de composição de fachada. Se ao princípio sua preocupação se refere principalmente aos condicionantes térmicos, ampliou o alcance aos aspectos de iluminação em suas últimas obras. O Brise Soleil foi, desde seus primórdios, um elemento compositivo de qualidade reconhecida mundialmente, teve seu apogeu nas décadas de 40 a 70, caindo depois em desuso. Hoje volta a ser utilizado, entretanto, de forma diferente do que foi passado. Pode-se dizer que atualmente, os componentes de sombreamento são usados muitas vezes como elemento de composição de fachada, sem uma análise adequada de sua influência no ambiente interior e seu desempenho térmico e luminoso.

Abaixo segue um exemplo de como o sombreamento ajuda no controle interno da temperatura de um imóvel:


Considerando a importância da eficiência energética nos edifícios, surge a tendência de elementos de sombreamento de fachada, que reduzem o consumo de energia por equipamentos de climatização, controlam a luminosidade natural e reduzem o consumo de iluminação artificial.

Estive a pouco em Paris e tive a oportunidade de visitar um edifício, o Instituto do Mundo Árabe (1981-1987), que em minha opinião, conta com o mais impressionante sistema de sombreamento que conheço. Projetado pelo arquiteto Jean Nouvel, que recria elementos da arquitetura árabe sob nova ótica e está situado às margens do rio Sena, o edifício segue a curva do rio em sua fachada norte, totalmente espelhada, refletindo a cidade de Paris.


A fachada sul, retangular, é onde estão os elementos que mais caracterizam esse projeto, uma releitura dos Muxarabies (treliçados de madeira que tem como objetivo filtrar a luz, permitir a visão da rua desde o interior do edifício e permitir a privacidade das tarefas internas) levou ao desenho de diafragmas metálicos, como os de uma câmera fotográfica, com aberturas em diversos tamanhos e formas geométricas que se abrem e fecham de acordo com as condições externas de luz. Esses diafragmas são controlados mecanicamente através de células fotossensíveis e o efeito final é de um ambiente interno com um luz filtrada, muito comum na arquitetura islâmica.



Estou colocando este exemplo aqui pois mostra exatamente o que temos que buscar em nossas obras e também o motivo de o sombreamento de fachada aparecer em um estudo de tendências para o futuro. É preciso mesclar o antigo com o novo (elemento de sombreamento + mecanismo fotossensível) e buscar novas maneiras de possibilitarmos a melhor eficiência possível de cada projeto e cada construção, como o conforto térmico que este elemento proporciona e consequentemente o menor consumo de energia. O futuro será feito de obras inteligentes e que tragam algo à mais do que o simples conceito de “abrigo”, resta à todos nós da área estarmos atentos à tudo que aparece e onde podemos utilizá-los.

ps.: Seguem abaixo alguns videos mostrando esta técnica incrível utilizada no IMA, inclusive a fabricação dos muxarabies!



Abraços,

DS.

domingo, novembro 06, 2016

#ENGTIPS 06 - Solar Roadways (Estradas Solares) - O asfalto dá espaço à tecnologia


Fala galera! ...O feito estufa está mais forte e a tendência é que os danos causados ao planeta sejam mais severos e constantes, não é mesmo? As indústrias não querem parar de fabricar os mais diversos produtos e tudo hoje funciona principalmente à base de energia elétrica.

Enquanto isso, as pessoas de todos os países querem continuar usando seus carros para ir até a esquina. E pior, cada pessoa quer ter um carro e ninguém pensa no planeta, pois todo mundo sempre joga a culpa nas empresas e no governo. Todavia, parece que ao menos o governo americano vai tentar amenizar o problema.

Apesar de ser um dos principais países que se recusaram a assinar o Protocolo de Kyoto, os EUA parecem ter mudado um pouco de ideia e agora apresentam um projeto inovador: as estradas solares. Com uma nova tecnologia e uma quantia absurda de dinheiro, o governo americano pretende criar energia limpa e fornecer força para o país sem prejudicar o meio ambiente.

Bem-vindo ao futuro!

Já imaginou se em vez de asfalto as estradas fossem pavimentadas com painéis solares? Scott Brusaw que vive no estado do Idaho pensou nisso e propôs ao governo. A ideia do criador da Solar Roadways é usar painéis fabricados com um material de alta resistência para suportar o peso dos veículos que trafegam o dia todo e ao mesmo tempo aproveitar para captar energia solar e transformá-la em eletricidade.


Tal energia seria utilizada para “alimentar” a estrada, a qual teria toda sua sinalização dependente da energia solar. Sendo assim, não seriam mais necessárias pinturas no chão para indicar os alertas sobre as limitações de trânsito na estrada, como: “Reduza a velocidade”.


Além disso, seria possível exibir mensagens sobre o tráfego na atual rodovia, ou seja, onde há acidentes e outros empecilhos, as mensagens poderiam informar com antecedência algo como “Avenida bloqueada”. E mais, a estrada solar também permitira que todos os semáforos utilizassem energia limpa para controlar o tráfego.

Apesar de parecerem ousadas, todas essas ideias são apenas parte do real projeto que pretende fornecer energia para todo o país. A Solar Roadways quer usar a energia solar captada nas estradas para manter as casas iluminadas e os carros elétricos funcionando.

Mais surpresas para o futuro

Com a possível adoção das estradas solares, a empresa de Scott Brusaw pretende estender o projeto para os estacionamentos, os quais poderão fornecer energia aos estabelecimentos próximos. E aí que está um detalhe que deve levar muitas empresas a terem interesse na nova tecnologia.


Para exemplificar, podemos pensar numa loja que esteja no meio de uma estrada qualquer e não tenha muitos clientes. Caso este estabelecimento forneça energia elétrica gratuita é bem provável que a clientela aumente — isso pensando na ideia hipotética de um futuro repleto de carros elétricos.

E não para por aí, pois os benefícios da energia solar nos estacionamentos poderiam abranger os próprios estabelecimentos, os quais funcionariam independentes de quaisquer usinas ou centros de energia. Sendo assim, muitos locais teriam seus próprios geradores de energia e possuiriam energia constante.


Para completar o projeto, a ideia dos painéis solares em estradas e estacionamentos traria uma novidade interessantíssima para as cidades. Segundo o site oficial da Solar Roadways, a instalação do novo sistema permitira a independência dos postes de energia, o que tornaria o visual das cidades mais bonito e menos poluído.

Além disso, seria possível uma manutenção mais rápida e precisa nos casos de problemas elétricos, visto que os painéis gerariam energia independente para determinados blocos de casas e estabelecimentos.

Como fazer isso?

Instalar as placas solares é a parte fácil do projeto, sendo que o grande empecilho no momento fica por conta do desenvolvimento de um material mais resistente para utilizar nas estradas. Vale salientar que as placas solares usadas em estradas com certeza serão dotadas de um sistema bem desenvolvido que capte toda a energia possível (algo muito melhor do que é utilizado atualmente).


A iluminação nos estradas não seria problema, porque tudo seria baseado na tecnologia dos LEDs e num método eficiente que possibilite a visibilidade das mensagens durante o dia. Os geradores para armazenar e distribuir a energia podem ser algo já existente ou equipamentos novos e mais precisos (ainda não foi dito nada a respeito).

O real problema

Se tudo é tão maravilhoso e se a implementação não é impossível, por que não fazer? A resposta é óbvia: dinheiro! Os painéis solares não são baratos (até mesmo nos EUA custam um valor alto) e a instalação de uma enormidade de painéis solares é inviável num primeiro momento.

Pensando nisso, o governo americano forneceu 100 mil dólares para a Solar Roadways mostrar um protótipo funcional da tecnologia. Caso o resultado impressione os poderosos por trás do dinheiro, é possível que o território americano comece a ganhar as novas estradas e tenha quase 100% de estradas solares em cerca de 5 anos.


Atualmente um metro quadrado de painel solar custa facilmente mais de 2 mil reais, o que significa que um quilômetro (com pista dupla) de estrada sairia por mais de 20 milhões de reais. Claro que estes cálculos são efetuados com base nos painéis disponíveis no mercado, mas com a nova tecnologia pode ser que tudo fique bem mais barato.

Para ter uma ideia, a estrada solar acima citada produziria energia de sobra para sustentar uma cidade com 5 mil habitantes (que consuma aproximadamente 3 milhões de kWh por ano). É importante frisar que as estradas com painéis solares precisarão de poucas reformas, pois durarão até 25 anos.


Esses dados são muito interessantes e devem influenciar os governos de todo o mundo que com certeza podem achar interessante a possibilidade de se livrar das reformas intermináveis em estradas e ainda fornecer uma forma mais eficiente de energia para a população. Eles só não vão gostar mesmo é de desembolsar tanto dinheiro para que tudo aconteça. Confira abaixo dois vídeos (em inglês) que falam sobre o assunto e mostram diversas imagens e opções para o futuro da tecnologia:



Enfim, a proposta está aí, a tecnologia pode virar realidade e apesar dos problemas não custa sonhar. Não é mesmo? Vamos torcer para que dê certo e o mundo possa ficar mais limpo e livre da poluição.


Um abraço.

DS 

terça-feira, novembro 01, 2016

#ENGTIPS 05 - BubbleDeck - Inovação e tecnologia para lajes


Fala galera! ...Hoje lembrei de uma técnica que vi enquanto estava no Rio de Janeiro participando das obras do Metro (Linha 4 Sul), não usamos ela em nossa obra porem nossos colegas lançaram mão desta tecnologia para construir lajes do estacionamento do novo terminal do Aeroporto Internacional do Rio (o Galeão). Me lembro que na época em uma visita achei muito interessante e nunca tinha visto nada igual! Anos depois estou aqui após dar uma pesquisada, passando um pouco desta tecnologia para vocês.


Na década de 80, o dinamarquês Jorgen criou o sistema BubbleDeck, como alternativa à construção de lajes. O sistema é composto por esferas plásticas de polipropileno, que são colocadas uniformemente entre duas telas metálicas, para ocupar a zona de concreto que não tem função estrutural (que sacada!). Assim, pode-se reduzir em até 35% o peso próprio da laje, vindo a proporcionar economia no dimensionamento estrutural em função das cargas menores sobre as fundações, esta metodologia pode ser aplicado a qualquer estrutura que se possa utilizar laje maciça, como apartamentos, hotéis, indústrias, escritórios, entre outros.


Benefícios do sistema BubbleDeck:
  • Liberdade nos projetos – layouts flexíveis que facilmente se adaptam a layouts curvos e irregulares;
  • Redução do peso próprio – 35% menor, permitindo redução nas fundações;
  • Aumento dos inter-eixos das colunas – até 50% a mais do que estruturas tradicionais;
  • Eliminação de vigas – maior rapidez e economia pela eliminação das vigas e, consequentemente, pela ausência do serviço de alvenaria e instalação;
  • Eliminação de paredes de apoio – facilidade de metodologia construtiva;
  • Redução do volume de concreto – 1 kg substitui em média 60 kg de concreto;
  • Ambientalmente adequado – redução de energia e emissão de CO2.

A tecnologia BubbleDeck apresenta vantagens não somente econômicas, mas também do ponto de vista de execução, ou seja, permite maximizar a industrialização e a simplificação do processo.

Sustentabilidade

O método possibilita uma menor logística de transporte de materiais, o que consequentemente minimiza os riscos operacionais e de segurança de trabalho, já que reduz a força humana. Apresenta “Selo Verde” com prêmios internacionais, não só por reduzir as quantidades de materiais empregados em uma mesma área, consequentemente reduzindo a emissão de CO2 na atmosfera, mas também por utilizar plástico reciclável em substituição ao concreto, ainda é uma tecnologia que se enquadra nas referências preconizadas pelo Tratado de Kyoto e pelo COP15.


O sistema BubbleDeck apresenta um modelo construtivo capaz de preencher as necessidades do mercado e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais. Propõe um empreendimento sustentável que tenha em vista quatro requisitos básicos: ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo, culturalmente aceito.

Como não há utilização de formas para o assoalho, o volume de madeira utilizado é substancialmente reduzido. Comparado a outros sistemas convencionais, em cada m2 industrializado teremos:
  • Substituição de 60 kg de concreto por 1 kg de plástico reciclado retirados do meio ambiente;
  • Economia de 0,05 m3 de madeira – ou seja, para 10.000 m2 executados, evita o corte de 166,6 árvores;
  • Reduções de materiais e transportes (emissão de CO2), água, energia e a possibilidade da utilização de plástico reciclado;

Resistência ao fogo – em caso de incêndio as esferas carbonizam sem emitir gases tóxicos. Dependendo da cobertura a resistência ao fogo pode variar de 60 a 180 minutos. (Verificações realizadas de acordo com a ISO 834).

Um abraço

DS

quarta-feira, outubro 26, 2016

#ENGTIPS 04 - Glulam: Força, Beleza e Confiabilidade.


Fala galera! ...Viajando no mundo das milhares de técnicas de construção que temos acabei me deparando com uma que até então não conhecia, porém me deixou instantaneamente interessado e curioso para entender como aquilo era possível. E como algumas outras metodologias construtivas que vimos anteriormente aqui no blog (Wood Frame e Steel Frame), esta também não é "nova no mundo", mas sim pouco utilizada aqui no Brasil.


A Glued Laminated Timber (Glulam), ou em bom português, Madeira Laminada Colada (MLC) originou-se segundo alguns registros no norte da Inglaterra, ou mais precisamente no condado de Northumberland no ano de 1842, quando as vigas de sustentação do telhado de uma igreja receberam tal técnica. 


Mas o que é essa técnica? ...Bem, como o nome já indica, trata-se de elementos estruturais de madeira compostos por lâminas do mesmo material, ou "lams", que são coladas com adesivos duráveis e resistentes à umidade. As laminações são em paralelo com o comprimento desses elementos que podem variar de vigas simples, retas a elementos curvos, sendo classificados de acordo com a aparência: superior, arquitetônica, industrial ou de enquadramento, de modo que oferecem grande liberdade arquitetônica e artística sem abrir mão dos requisitos estruturais. O Glulam costuma ser usado em aplicações marcantes, expostas, como tetos e outros projetos com espaços abertos, casas, igrejas, edifícios públicos, e outras estruturas comerciais leves.


Devido à sua composição, grandes membros de Glulam podem ser fabricados a partir de uma variedade de árvores menores colhidas de florestas primárias, de segunda e terceira plantações. Além disso, a quantidade total de madeira utilizada é reduzida quando comparada à elementos sólidos de madeira serrada, assim por sua vez diminuindo o impacto negativo no meio ambiente. Somando-se a isso, a técnica tem 



muito mais baixa energia incorporada do que o concreto armado e o aço, embora, naturalmente, implique mais energia encarnada do que a madeira sólida. No entanto, o processo de laminagem permite que a madeira possa ser utilizada para vãos muito mais longos, com cargas pesadas e formas complexas. 


E finalizando, somente mais uma curiosidade: O Glulam é uma estrutura muito leve, corresponde em média a dois terços do peso do aço e a um sexto do peso do concreto armado. Além de tudo, a energia utilizada para produzi-lo é seis vezes menor do que para produzir uma estrutura de aço com a mesma resistência.


Portanto além de ser uma técnica que nos dá a possibilidade de produzirmos verdadeiras obras de arte, ela também (como é nosso foco) possibilita uma construção mais fundamentada na sustentabilidade e preservação do meio ambiente.

abraço.

DS

segunda-feira, outubro 24, 2016

#HISTORYTIPS 01 - Os Persas e os buracos no meio do deserto!

Fala Galera ! ... Eu sei que nosso blog é sobre tendências, futuro e inovações na engenharia! Mas outra coisa que me fascina muito, são as técnicas e construções do passado, sabe? .. Tipo saber como as civilizações construíam e resolviam os problemas de engenharia com as técnicas e ferramentas de sua época, por exemplo! 

E foi pensando nisso que eu decidi que vamos ter uma área só pra falar desses assuntos, essa área será a #HistoryTips, que está iniciando hoje com um tema muito interessante sobre os Persas! 

Extra Tip: Técnicas antigas podem despertar insights para novas técnicas ou soluções de novos problemas! ...Mantenha sua mente aberta! 

Quem é que nunca ouviu falar da civilização persa, uma cultura extremamente rica e influente? A verdade é que eles atraíram os melhores intelectuais da época, a fim de poderem florescer como uma nação, construindo cidades como Susa ou Persépolis.


Grande parte do seu sucesso foi devido à sua excelente gestão da água, tanto nas cidades como no campo. O império vivia sob altas temperaturas e um clima muito seco, por isso era essencial saber aproveitar as escassas chuvas. Uma de suas melhores invenções foram os Qanat, uma infra-estrutura subterrânea capaz de recolher e canalizar a água da chuva de aquíferos e vales, transportando-a para as cidades.

A técnica dos Qanats foi desenvolvida na Pérsia, no milênio I a.C. Essa maravilhosa invenção foi se estendendo a outros países áridos como Marrocos, Argélia, Líbia, Oriente Médio e Afeganistão.

E como era exatamente essa técnica? Primeiro, era escavado um poço principal em uma colina, até ser encontrado um aquífero subterrâneo. Depois, um túnel horizontal era construído, desde o pé da colina até à fonte de água.

O túnel tinha uma tubagem e uma grande inclinação para transportar a água para o local desejado. Quanto maior o Qanat, menor era o seu declive.

Além do principal, os outros poços verticais eram construídos ao longo do Qanat. Estes garantiam a ventilação de água, assim como o seu controle e racionamento. Era também uma via de evacuação da terra, gerada ao esvaziar o túnel.

Graças a sua profundidade, o Qanat recolhia a água dos aquíferos e evitava a evaporação durante o transporte. Dentro desta infraestrutura, existem também áreas de descanso para os trabalhadores, tanques e moinhos de água.

Sendo água filtrada pela terra, o fluxo era seguro e limpo, por isso era ideal tanto para beber como para rega.

No final do Qanat, havia um edifício que armazenava a água obtida, onde as pessoas também poderiam fazer suas próprias canalizações privadas.

O governo persa foi forçado a construir o Qanat para transportar água das montanhas para a cidade e para os banheiros públicos. As pessoas ricas poderiam fazer uma extensão para a sua terra com seu próprio dinheiro.

As cisternas públicas, chamadas AbAnbar eram outro engenho maravilhoso. Ele tinham um sistema de captação de ar para manter a água fria no deserto.

O mais curioso de tudo é que este sistema antigo de gestão de água ainda continua em execução, e permite uma distribuição equitativa e sustentável da água.



É isso ai! .. abraço



DS



quinta-feira, outubro 20, 2016

#ENGTIPS 03 - Light Steel Framing


Fala galera! ...O sistema de construção Light Steel Framing (LSF) foi originado a partir de um outro sistema construtivo, o Wood Frame(tem postagem no #EngTips,se não leu, vale a pena dar uma lida!..clique aqui..). 

Com o desenvolvimento da indústria do aço, o LSF foi lançado na Feira Mundial de Chicago por volta de 1930, com o conceito de construção de residências que utilizavam perfis de aço ao invés de usar a madeira. O período de pós Segunda Guerra Mundial alavancou a produção do LSF, pois houve um crescimento da economia americana e grandes reservas de aço, e com isso, o sistema foi sendo inserido cada vez mais nas construções, pois ele garantia (e garante) eficiência e resistência estrutural.


O LSF, como podemos ver, assim como o Wood frame não é uma tecnologia nova no mundo da construção civil, porém mais uma vez, aqui em nosso pais ele é considerado um método construtivo inovador. Por volta de 2012,foi quando começou a se observar um pequeno avanço em relação à aceitação desse sistema, que tem a industrialização, a precisão e a velocidade de execução como principais características.

É um sistema construtivo estruturado em perfis de aço galvanizado formado a frio, projetados para suportar às cargas da edificação e trabalhar em conjunto com outros subsistemas industrializados, de forma a garantir os requisitos de funcionamento da edificação. Também é um sistema construtivo aberto, que permite a utilização de diversos materiais. Sendo flexível, não apresenta grandes restrições aos projetos, racionalizado e otimizando a utilização dos recursos e o gerenciamento das perdas. É customizável permitindo total controle dos gastos já na fase de projeto, além de ser durável e reciclável. 


O LSF nos fornece todo o “esqueleto” de nosso projeto; o fechamento pode ser executado com diferentes materiais. Os mais usuais para fechamento externo são as Placas Cimentícias, de PVC (Sidingvinílico) e as placas de OSB (Oriented Strand Board - painel de tiras de madeira orientadas). Internamente, a vedação é quase sempre feita por chapas de Drywall (falaremos mais sobre este material em um post futuro).


Já a estrutura de piso emprega perfis galvanizados cuja modulação é determinada pelas cargas a que cada um está submetido. Normalmente, as edificações de LSF são erguidas sobre uma fundação direta do tipo Radier, que permite a transmissão das cargas da estrutura para o terreno. Mas quando o terreno é pouco resistente, pode ser empregada viga baldrame ou, em casos mais críticos, fundações por Estacas.Para a cobertura não tem segredo, há uma grande variedade de soluções possíveis e a escolha vai basicamente depender de questões estéticas e econômicas.


O dimensionamento da estrutura, sendo basicamente constituída por perfis formados a frio, é regido pela NBR 14.762 - Dimensionamento de Estruturas de Aço Constituídas por Perfis Formados a Frio. É possível erguer edificações com até sete pavimentos integralmente com perfis de aço leves. Em construções de maior altura, em que a estrutura principal é de concreto ou metálica (com perfis mais robustos), o sistema pode ser utilizado para compor fachadas. Nesses casos, o fechamento em Steel Framing é uma alternativa às alvenarias, agregando velocidade de execução e vantagens em relação ao desempenho acústico e térmico.

Por ser um sistema industrializado, o Steel Framing não admite ajustes no canteiro. A etapa de montagem dos frames exige muita atenção, especialmente em relação ao alinhamento e ao prumo da estrutura. Falhas nesse momento comprometem as etapas subsequentes, como a de revestimento.


Resumindo, o LSF é um sistema que proporciona grandes ganhos na velocidade de execução e também na sustentabilidade do projeto. Ainda é considerado novo no Brasil por não ter tanta aceitação dos clientes, que na maioria das vezes nunca tiveram informações suficientes e por isso ainda não o adotaram! 

(Fica a dica!).

DS